quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Hoje é dia de Belle Epoque


Chegou o tão esperado dia. Além do livro, poesia e música você encontra por lá a geração anos 80 do Maranhão que publicava a Guarnicê, a turma da Akademia dos Párias. Para compensar minha ausência fica aqui o texto de Zema Ribeiro publicado em seu blog e no Jornal Pequeno sobre o mais no livro de Celso Borges. Fala quem conhece:


POESIA (ATÉ) PARA QUEM (NÃO) GOSTA DE POESIA Celso Borges lança hoje Belle Epoque, seu terceiro trabalho no formato livro-disco. Poeta será acompanhado em show pela banda Restos Inúteis. POR ZEMA RIBEIROESPECIAL PARA O JORNAL PEQUENO


Belle Epoque [2010, Pitomba/ Guarnicê] é o livro-disco mais amargo de Celso Borges, mas “sem perder a ternura”, como pregava o revolucionário.Não por acaso está ali, em epígrafe, um trecho da Aproximação do terror, de Murilo Mendes: “A grande Babilônia ergue o corpo de dólares. Ruído surdo, o tempo oco a tombar... a espiral das gerações cresce”, doce amargura.Não é de hoje que o maranhense ousa e transgride, sua poesia não podendo simplesmente ser escrita ou digitada numa folha em branco e ponto.A obra, urbana, composta ainda em São Paulo, ele há seis meses de volta à São Luís natal, já não mais se impregnará do provincianismo daqueles de quem tira sarro.Como em Discurso de posse (e vocês já sabem do que Celso Borges está falando): “Enquanto um deles lê o discurso no papelpapiro/ e os demais ouvem de orelha em pé/ uma traça rosnarói a medalha pendurada/ no lado esquerdo do fardão (...)”. Ou em Missa de sétimo dia: “rimas ralas, paralelas e entortadas, decassílabos, redondilhas ilhadas, alexandrinos déja vu, chaves de prata, de ouro, sextetos, sonetos caducos e sonolentos, versos de pé quebrado (...)”


O poeta brada contra a sociedade consumista e apressada, sedenta de beleza fabricada a qualquer custo e de acumular mais dinheiro idem. Por vezes sem tempo para a poesia, mais preocupados com o BBB e outros modismos, cíclicos ou não – “antigamente não tinha big brother brasil", diz em A saudade tem seus dias contados.Os poemas de Belle Epoque, fortes, diretos, certeiros, terão roupagem rock no lançamento do livro-disco: a banda Restos Inúteis (nome tirado de um poema do livro, dedicado ao poeta Marcelo Montenegro) acompanhará Celso Borges em cerca de 15 textos que ele irá dizer-ler-gritar-cantar após a sessão de autógrafos, hoje (4), às 19h, no Cine Praia Grande (Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, Praia Grande).O grupo é formado por André Grolli (bateria), André Lucap (violão e programação visual), Bruno Azevedo (contrabaixo) e Reuben da Cunha Rocha (guitarra) – este assina o prefácioNÃO de Belle Epoque.O disco Quase, encartado no livro, é outro sarro do autor de XXI (2000) e Música (2006). Enquanto a sociedade dessa “epoque nada belle” deseja, produz e consome (não necessariamente nessa ordem) o barulho vazio, o poeta precede de silêncios o Finalmente que declama.Poesia é algo misto de sério, inútil e divertido. Aos quase 51, Celso Borges, “dores de cabeça de estimação desde os 20/ gastrite aos 22/ hepatite b aos 24/ (...)/ artrose no dedo mindinho direito aos 47/ plástica de válvula mitral aos 48/ poesia desde os 17” (Belle Epoque 2 – Auto-retrato) está em forma.


SERVIÇO

O quê: noite de autógrafos e show de lançamento do livro-disco de poemas Belle Epoque, do poeta Celso Borges.

Quem: Celso Borges e a banda Restos Inúteis.

Onde: Cine Praia Grande (Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, Praia Grande).

Quando: hoje (4), às 19h.

Quanto: show grátis. O livro-disco custa R$ 30,00.Realização: Pegada Produções.Maiores informações: (98) 3227-0079, 8179-1113, cbpoema@uol.com.br
Foto: Marcus Saldanha

Um comentário:

  1. Me martirizo até hoje por ter perdido este lançamento e o show!
    Gostei muito da ideia do livro-cd, algo ousado e crítico de uma maneira que Celso Borges consegue fazer muito bem.
    Até.

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